Já o disse mais de mil vezes e volto a repetir. Só há duas coisas sobre as quais vale a pena escrever. Amor e Morte. Como hoje estou bem disposto decidi falar-vos de Morte. Andei a investigar e de acordo com os mais recentes dados disponíveis (leia-se a primeira merda que encontrei na Net) a esperança média de vida para um homem nascido e criado neste burgo é actualmente de 75,8 anos. O que faz com que, por estimativa, eu vá morrer por volta do início do mês de Setembro do ano da Graça de dois mil e cinquenta e quatro. Isto a valores actuais, atenção. Visto que a esperança média de vida tem vindo a aumentar ano após ano, é bem provável que quando chegar a minha hora programada eu ainda dure mais um bocado.

Mas para efeitos académicos partamos do pressuposto que irei morrer na referida data. E o que podemos retirar daqui? Antes de mais, posso constatar que ainda nem cheguei à meia-idade. Não é novidade nenhuma, já me tinha apercebido disso à que tempos. Ainda não me deu vontade de comprar um Porsche nem fiquei com a irritante mania de dizer a toda a gente que sou jovem. Por isso devo estar bem longe dessa fase.

Seja como for, tudo isto não passa de um palpite. Posso morrer muito mais cedo descansem. Até pode acontecer estarem a ler isto e eu já estar morto. Já pensaram sobre isso? Podem estar neste preciso momento a ouvir um morto na vossa cabeça. Espectacular! Isto eleva o conceito de perca de tempo a uma nova dimensão, não é?

Outro pormenor interessante que descobri é a minha garantida mortalidade. Como pude confirmar pela minha aprofundada pesquisa (mais uma vez a primeira merda que vi na Net) não há qualquer esperança que viva para toda a eternidade. Não há nenhum caso conhecido do género embora a Cher ainda cá ande.

Apesar da finitude da minha existência, ao fim e ao cabo ainda tenho imenso tempo de vida. Que seca. Já cá ando à tanto ano e só a ideia de ainda ter de levar com isto por mais umas valentes décadas até me dá náuseas. Felizmente que tudo acaba e é isso que me alegra. É que, pelo menos agora de momento, não me ocorre nada de verdadeiramente interessante para preencher tanto tempo de vida. Mas tenho tempo para pensar… alguma coisa se há-de arranjar… tempo… muito tempo… horas… dias… meses… anos… tanto para pensar… tanto para planear… tanto para ponderar antes de agir… as coisas fantásticas que irei fazer… tenho tempo para tudo isso… tempo… tanto tempo… e depois de tudo isso entrarei em acção… é isso… farei tudo aquilo a que me propus e a que estava destinado… mas hoje não… ainda tenho muito tempo e decerto que terei mais oportunidades para tudo isso… ou será que não?...

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