Sexta-feira à noite desloquei-me até ao salão Preto e Prata do Casino Estoril. O motivo da ida era a actuação da dupla belga “2 Many DJ’s”. No entanto, e sem pagar um cêntimo extra, tive o direito de assistir a mais de uma dúzia de sessões de pancadaria. Ao ritmo de uma de dez em dez minutos, a animação foi sempre garantida. Eu já estive em concertos de música muito violenta, em bairros degradados e em reuniões de condomínio. E nunca vi tanta caldeirada como naquela noite.

Ao chegar, estranhei o elevado número de seguranças ali presentes. Sei que habitualmente aquele espaço tem mais funcionários do que clientes mas mesmo assim a situação era demais. No entanto, e mediante as ocorrências daquela noite, em nada me pareceu exagerado.

Posso dizer que fiquei triste por ninguém querer andar à porrada comigo. Nem comigo nem com as pessoas que estavam comigo. Ninguém nos ligou nenhuma. E porquê? Será que nós não somos dignos de andar à troulhada com o resto da humanidade? Porque somos sempre ostracizados nestas questões? Enfim, são perguntas de uma grande pertinência sem dúvida. Mas uma coloca-se acima de todas as outras. A que se deveu esta situação?

Esta situação deveu-se à má clientela. Os betos deviam ser proibidos de beber. Não há gente que ganhe uma aura de estupidez tão grande como um beto assim que o seu grau etílico dispara. Devia existir lei seca para esta gente tresloucada. Eles que libertem a fúria nos jogos de râguebi e nos comícios do PP a dizer mal dos socialistas que eu estou-me a cagar. Agora não venham é andar à pêra uns com os outros para o pé de pessoas que se querem divertir.

P.S.: É verdade, e também houve música. Grande som, recomendo vivamente. Mas noutro sitio. O Casino Estoril devia seleccionar melhor a clientela. À entrada mandem soprar no balão os Vasconcelos e Sá, os Teixeira da Cunha e todos os restantes arruaceiros da linha de Cascais. Verão que assim não têm metade dos problemas.


Porque raio é que este gajo se refere a si mesmo sempre na terceira pessoa? Fazem-lhe uma pergunta e ele logo responde “Bom, o Miguel Veloso está tranquilo com o seu futuro, blá, blá, blá…”. Vem outra questão e “O Miguel Veloso sempre desejou jogar noutro campeonato, blá, blá, blá…”. E ainda outra “Em relação a isso, o Miguel Veloso sente-se de consciência tranquila, blá, blá , blá…”.

Mas este gajo está a falar de quem? Dele não é de certeza. Se fosse dizia “eu isto, eu aquilo…” e não “o Miguel Veloso…” como se tratasse de uma entidade não presente. Se calhar este tipo que se apresenta como tal e possui uma originalidade soberba ao nível capilar, é apenas o secretário do autêntico e genuíno Miguel Veloso. Se calhar o verdadeiro é uma figura incógnita para todos. Uma espécie do monstro do Loch Ness mas em estádios de futebol. Uma alma que encarna em secretários de relações públicas com absurdos cortes de cabelo.

Que confusão que isto me faz. Alguém que diga qualquer coisa ao rapaz. Agora até há o programa das novas oportunidades e tudo. É que não tarda muito vai-se embora e quando dermos por ela está a falar com jornalistas estrangeiros numa língua nova mas sempre na terceira pessoa.

Hoje deu uma notícia em que o José Manuel (aka Durão) Barroso tinha sido interrompido a meio do seu discurso. Isso deveu-se a um alarme de segurança que se fez soar por toda a sede da Comissão Europeia. Não se passou nada de especial. Foi apenas um cano que rebentou e fez soar o alarme de incêndio. No entanto, aquela insignificante noticia, fez-me lembrar uma história curiosa.

Uma vez, à muito muito tempo, estava eu numa aula de Estatística na faculdade e sucedeu o mesmo. Não, ninguém interrompeu o Durão Barroso. Mas suou de forma ensurdecedora o alarme, fazendo lembrar Londres durante os bombardeamentos da Luftwaffe. Ninguém se mexeu e o professor, abafado pelas sirenes, calmamente perguntou “O que se deveria fazer agora?” ao que a turma respondeu “Devíamos sair todos ordeiramente lá para fora.”. Ao que o professor retorquiu “Sim claro, mas estamos em Portugal. O que se deve fazer então?” ao que eu respondi “Nesse caso o professor deve lá ir ver o que se passa enquanto nós ficamos aqui.” E finalizando ele disse “Certíssimo. Muito bem. Então eu vou lá ver.”.

Acho que foi a única vez que acertei alguma coisa a Estatística nesse ano. E o meu exame foi a prova disso. Só colocaram perguntas do programa. Se têm falado de saídas de emergência e psicossociologia eu teria tido uma nota bem melhor. Foi mais uma evidência de que estava na área errada.

Seja como for, aquele momento é a prova das nossas singularidades. Jamais nos passaria pela cabeça como pacatos portugueses a hipótese de perigo. Nem que entrassem chamas pela porta, nos atreveríamos a pensar que algo poderia correr mal. Nem que olhássemos pela janela e estivessem pessoas a atirarem-se ao melhor estilo sky diving 9/11. Nem que cá em baixo estivesse um mar de gente de terços na mão a rezar em uníssono a Extrema-unção. Nem que assim que o Prof. abrisse a porta estivesse a própria Morte, em pessoa, de foice em riste, a dizer “Está na hora, está na hora.”.

Fosse lá o que fosse não era um mero alarme de incêndio que nos iria alarmar. O que é sempre importante recordar deste momento, é que qualquer decisão que se tome, qualquer ideia que se tenha e qualquer coisa que se queira implementar tem de passar pela questão das questões “Sim claro, mas estamos em Portugal. O que se deve fazer então?”.

A rádio M80 está a organizar um “megaconcerto” no Pavilhão Atlântico. Conta com a participação de estrelas de nomeada como Rick Astley, Nik Kershaw e Belinda Carlisle. Curiosamente intitula-se “Here And Now: The Very Best Of The 80’s”.


Meus caros, o melhor dos anos oitenta é já terem acabado. Se alguém esteve vivo na altura é bom que se recorde da agonia que foi viver naquela década. Num país onde nada se passava e onde parecia que ninguém queria o contrário. Onde passámos todo este degradante cenário vestidos como uns parolos e com a banda sonora mais escapista e fabricada de sempre. Sem qualquer substância ou conteúdo.

E se alguém julga que o menos mau que aquela década teve foram estes supostos “artistas” então é porque sofre de alguma grave perturbação mental. Qualquer pessoa que pegue num microfone nessa noite naquele palco é pura e simplesmente uma decadente ex-estrela pop. Que note-se, só o foi durante dez minutos em toda a década. Gente que vai partilhar um palco com mais uma dúzia de talentos porque só tiveram uma ou duas músicas conhecidas. Leia-se conhecidas e não de jeito. Se quisessem fazer um concerto com o melhor dos anos oitenta fizessem um esforço para voltar a reunir os Smiths.

Felizmente que o concerto vai ser no Atlântico. Com a merda de som que aquilo tem sempre disfarça o facto das músicas serem cantadas por defuntos. Mais valia terem organizado isto no Cemitério dos Prazeres. Era bem mais apropriado e assim os “artistas” iam para a cama num instante.

Enviaram-me à uns dias um email com um link que nos permite saber qual o nosso posicionamento politico e quais os partidos com que estamos mais relacionados em relação às europeias. O resultado final é obtido através de uma série de perguntas que vão reconhecendo a linha politica de cada um. Pareceu-me bastante interessante e com uma pontaria bem certeira. Útil para quem está indeciso e quer saber qual o partido a que mais se aproximam as suas ideias. E também para pessoas como eu. Que se estão completamente a cagar para estas eleições e que fazem questão de nem sequer se aproximarem de uma mesa de voto.

Sejam qual forem as vossas ideias e aquilo que pretendem fazer no dia de eleições recomendo que dêem um pulinho aqui para darem uma vista de olhos. Nem que seja para descobrirem que estão a milhas de qualquer partido português e que para se identificarem com alguma coisa deviam mesmo era ir votar na Eslovénia num partido de nome impronunciável.

Também não é preciso tanto. Até porque para cortar fitas qualquer um serve. Neste país para se ser presidente e ter algum destaque e influência só se for de algum clube desportivo ou de uma confraria.
Seja como for, quero deixar aqui o meu sincero agradecimento a Marinho Pinto por ter tido a coragem de dizer umas verdades num sitio onde se faz tudo menos isso. E por ter enfrentado um travesti sanguinário que se julga um ser humano.

A sexta-feira à noite é dos momentos mais marcantes de uma semana típica. Está na categoria dos notáveis tarde de domingo, sábado à noite e segunda de manhã. Cada um destes períodos, apesar das suas óbvias diferenças, assume lugar de destaque.

O mesmo não se passa com as tardes de terça-feira, as noites de quarta ou as madrugadas de quinta. Quer dizer, as madrugadas de quinta para sexta têm muito que se lhe diga, mas faz de conta que não. Só para não complicar mais isto. Porque no fundo se formos bem a ver, todos os momentos podem ser marcantes. Marcantes ou profundamente indiferentes, é tudo uma questão de sorte. Tudo depende…eu sei lá bem…

……..O quê? Ainda aí estás? Como é possível? Já nem eu estou a ligar ao que estou a escrever. Não tens nada de mais interessante para fazer a uma sexta-feira à noite que andar a ler esta merda? Então liga-me. E depressa que eu vou-me embora e é já. Pior que estar numa sexta-feira à noite a ler esta merda só mesmo estar numa sexta-feira à noite a escrever esta merda. Até logo ou até amanhã.

Isto de estar vivo tem muito que se lhe diga. O contrário se passa com estar morto. Pelo menos daquilo que sabemos. Do ponto de vista de um ser vivo estar morto não tem muito que se lhe diga. Claro que podemos especular se existirá vida após a morte, o conceito de alma, reencarnações, céu e inferno, espíritos, almas penadas e luzes ao fundo do túnel. Mas por aquilo que conhecemos e nos é permitido observar, estar morto é basicamente apodrecer aos poucos. Não aparenta ser muito difícil, é facilmente explicável do ponto de vista científico e está ao alcance de todos. É só estar ali sossegadito enquanto os vermes nos devoram as entranhas. Simples.

Estar vivo é bem mais interessante. Senão vejamos a quantidade de coisas que podemos fazer vivos que mortos teríamos imensa dificuldade. Para ser sincero nunca vi um morto fazer nada de jeito. Nem bem nem mal. Limita-se a estar ali. E por pouco tempo, que como sabemos passado pouco tempo já não está lá nada.

Logo, uma grande questão aqui se coloca. Para que serve um morto? Lá está. Resposta em branco. Então senão serve para nada porque raio é que hão de ter direito a uma área exclusiva? Estou a falar dos cemitérios. Se não servem para nada, qual o sentido de ocuparem tanto espaço que pode ser utilizado para coisas bem mais interessantes. Para mim um cemitério não passa de um conceito completamente ultrapassado. Uma lembrança da época medieval.

Porque não se há-de aproveitar o espaço para construir uma escola, um centro de saúde ou o sempre tão prezado centro comercial? Pensem no desenvolvimento que todas as freguesias teriam ao abdicar de um depósito de cadáveres para em seu lugar construir algo em proveitoso para os vivos. Vamos todos pensar nisto que vêem aí as autárquicas. Seria bom incluir as novas propostas já nos programas eleitorais.

E o que fazer aos mortos agora que não têm para onde ir? Qualquer coisa desde que não seja ocupar belos espaços verdejantes com pretexto nenhum. Tanto se podem cremar como servir de ração, o que não falta aí são alternativas. Duvido muito que se chateiem com qualquer uma das opções. O que é preciso é ter ideias e ir para a frente que para trás mija a burra.


Ontem à noite assisti a um dos melhores concertos da minha vida. Nem mais nem menos. O nome O’queStrada. Um projecto que já dura à sete anos e que pouca gente conhece. No entanto, possui já um culto suficiente que lhes permitiu encher o Tivoli.

É muito complicado descrever os O’queStrada. Imaginem que o Moulin Rouge foi ocupado por um grupo de viajantes portugueses sob o efeito de LSD. No lugar do Cancan temos agora o Tasca Beat. Baralhados? Ainda bem. A diversidade é a palavra de ordem aqui. A começar pelas nacionalidades. Três portugueses, um italiano e um francês constituem o núcleo duro. A que se juntam regularmente uma série de pessoas provenientes sabe-se lá bem de onde. E que no fim acabamos por descobrir que vêem todos de Almada. Como são estranhos e fascinantes os subúrbios de Lisboa…

Mas mais palavras para quê? Não é a lerem o que quer que seja que vão sentir aquilo que senti. Para isso só há uma forma. Encontrem esta trupe antes que ela vos encontre a vocês. Vejam ao vivo e a cores e garanto-vos que não se irão arrepender. 


Todos os estilos de música passam por modas. Há alturas em que são o som dominante, monopolizando as antenas de rádio e Tv. Noutras alturas são tão populares que até nos arriscamos a levar na tromba só por dizermos que gostamos. De todos eles o único que consegue sobreviver com uma constante e populosa massa de apoio é o Heavy Metal. Todas as gerações têm metaleiros e admiradores menos fervorosos. O que é facto é que se mantém sempre vivo. Contra tudo e contra todos.

O Heavy Metal, e todos os seus derivados, consegue tocar em certos pontos nevrálgicos onde mais nenhum som nos consegue atingir. Isto é bem mais perceptível em nós homens. Deve provocar alguma reacção química com a testosterona que nos invade os corpos. Seja lá qual for a razão, o que é facto é a grande bojarda que dá. Que de nenhuma outra forma se consegue sentir.

Há algo de avassalador naquela descarga de sons. Uma vontade imensa de escavacar tudo aquilo que mexe. O toque de marcha para saltar de dentro de uma trincheira sem nos preocuparmos se sairemos vivos daquela batalha. O equivalente em descarregar uma metralhadora enquanto uma bateria de obuses nos acompanha pela nossa marcha até à morte certa.

Quem ler isto, deve pensar que daqui só poderia surgir caos, violência e pancadaria de meia-noite. Curiosamente é o oposto que ocorre. Um respeito enorme pelo próximo, uma sensação fortíssima de alegria e um espírito de grupo que em mais nenhum estilo musical se nota. O que tem o Metal de tão único para nos provocar isto? A mais forte de todas as sensações de libertação e contentamento que se pode ter a ouvir música.

Quem não entende isto recomendo a experiência. Vão ver que nunca na vida sentiram algo parecido. E se duvidas têm, tivessem estado comigo sábado passado. A prova viva de como um grupo se pode divertir à grande com a bela e positiva atitude de declarar guerra aberta em todas as frentes. É hora do ajuste de contas com a morte, deus e quem quer que se atreva a aparecer-nos à frente. Pois com esta banda sonora enfrentaremos a Vida com um sorriso nos lábios.


Caros compatriotas Benfiquistas.

Mais uma vez chegámos aquele lugar que nos é tão comum. O fim da época, a deplorável classificação, a saída e entrada de uma dúzia de jogadores, as discussões inconclusivas sobre o futuro e o já inevitável despedimento do treinador principal da equipe de futebol. A novela repete-se ano após ano, mudam quase todas as personagens, mas a história é sempre a mesma. Uma versão misógina dos “Morangos com Açúcar”.

Sempre defendi que o grande problema do Benfica não passa por treinadores nem jogadores. Mas sim por crassos erros de gestão, administrações de uma incompetência notável e por falta de uma estratégia e cultura de clube. Mas sobre isso falarei noutra altura. No entanto, muitos erros de casting têm sido feitos. E lá por os grandes problemas virem de cima não podemos desresponsabilizar certas pessoas.

Como tal, quero falar do Kiko (vulgarmente conhecido como Quique Flores). Apesar de defender a importância da criação de bases e estabilidade no nosso amado clube, uma coisa quero sublinhar. Errar e repetir esses mesmos erros, insistir até à exaustão em soluções que se mostrar profundamente equivocadas e apostar em modelos que sempre se evidenciaram um fracasso completo, não é estabilidade. É estupidez, e das grandes.

Poderia estar aqui a referir as razões porque tenho tal ideia. Tais como: colocar o alto e espadaúdo Pablo Aimar como ponta-de-lança sem lhe permitir explorar o seu maior talento, a criação de jogo; a colocação de Reyes a médio ala-esquerdo, deixando-o sem liberdade de movimentos ofensivos; as falhas e espaços entre as linhas; a dispensa de Leo e a inexistência de laterais; o relegar de Cardozo para segundo plano; a criação de bodes expiatórios dentro do grupo para se desresponsabilizar, escolhidos à vez como quem sai numa rifa onde nunca há prémio; o facto de não jogar com um pivot defensivo à frente do centrais; a colocação, e consequente desperdício, de Ruben Amorim a médio direito; a paragem e não desenvolvimento pela escassa utilização de jovens talentos como Felipe Bastos e Urreta; o entregar de toda a frente de ataque ao desapoiado Suazo, um jogador com uma qualidade impar e que acaba por ficar na história apenas como mais um; a utilização regular de Bynia em vez de colocar no seu lugar um jogador de futebol; a falta de apoio aos guarda-redes e mais um monte de coisas que não me ocorrem agora porque estou a escrever de improviso e a debitar o que me vem à cabeça.


Resumindo. Com o melhor plantel dos últimos quinze anos (e que nem daqui a outros quinze teremos outro igual) uma época deplorável. Onde a única conquista, a grandiosa Taça da Liga, se deveu apenas à brilhante exibição do nosso melhor jogador, Lucílio Batista. Só posso acrescentar que estou muito satisfeito pela saída do Kiko. No entanto nada irá resolver se cometerem os mesmos erros de sempre. Algo que se avizinha mais uma vez e sem grande surpresa. Saudações Benfiquistas.

Recordo-me da viagem de regresso a casa, após a passagem de ano. Vinha com dois amigos meus. Três seres altamente ressacados com a boa disposição de um velho acamado. De quem nada mais tem para viver e nem sequer está minimamente preocupado com isso. O típico domingo portanto. Desta vez com esta sensação ainda mais acentuada devido à maratona que tinham sido os dias anteriores.

Nestas situações das duas uma. Ou o silêncio prevalece ou a conversa de chacha torna-se mote. No meio do ar de enterro no semblante daquele trio de defuntos, a conversa começou curiosamente a ganhar interesse. Debatemos a fundo a temática da masturbação. Após discutirmos quais as gajas (perdão, mulheres) que eram as referencias para essa prática, um dos meu compinchas disse o seguinte: “Um gajo bate à punheta à pala de todas as gajas que conhece. Até dos trambolhos. Nem que seja para ver se consegue.”. Que verdade brilhante. Obrigado meu caro.

Este sublime comentário vem reflectir uma serie de verdades. Primeiro que tudo, a masturbação não é substituto nenhum para sexo. Podemos estar sozinhos num mosteiro franciscano ou a viver na mansão Playboy que uma punheta tem sempre cabimento. Muito menos é substituto para o amor. Nunca o “dançar” com nós próprios nos trará companhia. No fundo é apenas aquilo que é. Entretenimento simples e saudável para adultos. Muito sozinho mas em nada só. Com uma área profundamente abrangente de infinitas possibilidades. Todos os cenários são possíveis e ao gosto de cada freguês.

E pronto. Assim vos deixo, livres para se masturbarem até à exaustão. E se quiserem que eu participe numa vossa fantasia estejam à vontade. Nem precisam de pedir, não era a primeira vez que nos encontrávamos no encantado mundo das punhetas. 






Ontem à noite fui ver Linda Martini ao Santiago Alquimista. Para quem desconhece o significado de tais nomes e tem uma mente depravada só quero tranquilizar que não estive com nenhuma mulher de má fama nem em nenhum bar de alterne. Se quiserem saber mais aconselho-vos a descobrir um fabuloso espaço em Lisboa e uma grande banda portuguesa com um som muito original.

Devido à minha elevada estatura, de um imponente metro e setenta, ver concertos em que as bandas tocam quase ao nível do chão torna-se um desespero. Quando recordo tais situações só me lembro de som em altos berros e um monte de gente de costas viradas para mim. O que poderia ser espectacular se estivesse numa orgia. Mas tendo em conta que estou ali para ouvir e ver música torna-se desadequado.

Felizmente consegui ficar bem perto do palco do lado esquerdo. Apesar da boa visibilidade, a meio do concerto a minha atenção dissipou-se noutro sentido. Fiquei completamente focado num casal que se encontrava à minha frente. Nunca os tinha visto mais gordos, no entanto as suas expressões eram-me profundamente familiares.

Todos sabemos o quão complicado é entender as mulheres. E se por aquilo que dizem ou fazem ficamos na mesma, outra forma torna-se bem mais reveladora. A sua postura física. A forma como se mexe, como anda, o sentido do seu olhar, o toque no cabelo, o riso, a maneira como coloca os braços e franze os músculos da testa. Tudo isto e muito mais são sinais profundamente reveladores daquilo que lhe vai na alma.

A maneira como ela tocava na face dele prendeu-me o olhar. Notava-se perfeitamente que estavam apaixonados. A forma como a sua mão acariciava o rosto dele e o sorriso de quem está completamente derretida diziam mais do qualquer palavra que se pudesse ouvir naquele momento. O afagar do cabelo e o brilho nos olhos, fixos um no outro, é algo tão forte que transparece para fora.

É tão curioso como um pequeno gesto como aquele significa mais que qualquer outra coisa que possamos viver. Ontem senti muito a falta daquele toque. Do teu toque. Que desejo mais do que tudo sentir.

No final do ano passado estive a fazer inquéritos de satisfação na área da saúde. Um dos sítios onde chateiem doentes em salas de espera com as mais desinteressantes perguntas foi no Pina Manique. Numa clínica de fisioterapia, na cave das instalações da Casa Pia.

Um dia, logo de manhã, estava mesmo a precisar de um café para despertar. Dirigi-me então ao bar lá em cima. Apesar de não estar lá ninguém àquela hora, possuía uma máquina de café. Esta ficava mesmo ao fundo de uma sala muito ampla. Enorme mesmo, parecia um salão para casamentos e baptizados. Ao atravessar esta mesma sala, a cambalear da soneira matinal, reparei no único barulho que se ouvia. Era o de uma televisão. Noticiando os acontecimentos do dia, parecia estar ali só. Mas não estava. Nem ela nem eu.

Enquanto deambulava tipo sonâmbulo, até ao fim da sala à procura da máquina de café, é que me apercebi do que me rodeava. Estava a atravessar uma sala repleta de gente. À minha volta para cima de trinta pessoas vegetavam como se de um jardim se tratasse. Medicadas e com uma idade profundamente avançada jaziam ali como quem já não estava neste mundo. Parecia que estava rodeado de estátuas. Completamente indiferentes à minha presença. Não eram maltratadas, muito antes pelo contrário. Mas a única coisa viva ali era eu. E àquela hora pouco entenda-se.

A primeira coisa que nos passa pela cabeça ao ouvir isto é o sentimento de pena pelas pessoas. Não o vou negar, até porque nem sonho qual a história de cada um deles e como ali foram parar. Mas tenhamos a coragem de pensar de outra forma. Livres de preconceitos e de merdas. Quantas pessoas não merecem acabar assim? Uma velhice decadente e solitária sem que ninguém lhes ligue pôrra nenhuma?

Porque essa é a verdade. Há muita gente que não merece nada de bom por parte dos seus e dos outros. Muito menos quando chega ao fim da vida e se tem um currículo que faz o Estaline parecer um menino de coro. E os mais irritantes ainda são aqueles que depois de mortos continuam a foder a vida dos que cá andam como se a sua presença fosse cada vez mais acentuada. Por isso está na hora de dizer mais uma vez. Que se foda, vive e deixa morrer!

Nós últimos tempos todos os serviços noticiosos têm aberto exactamente com a mesma manchete. A grande preocupação do momento não é a crise internacional, o estado da Nação nem a permanência de Quique Flores à frente da equipa técnica do Benfica para a próxima época. A grande preocupação é a chegada das vagas de turistas que regressam do México. Todos supostamente infectados com a mais recente versão da Peste Negra. A mortífera praga que vai extinguir a raça humana.

Mas que caralho. Estão a gozar comigo? Mas será que ainda ninguém se apercebeu que todos os anos é a mesma conversa? Que desta vez é que vem aí a mais fodida de todas as bactérias e vírus à face da Terra cumprir as sagradas escrituras e trazer-nos o dia do juízo final sobre a forma de uma vulgar constipação?

Acordem para a vida. E vejam que a única coisa para que isto serve é para controlar as pessoas através do medo generalizado e para meter mais uns valentes milhões nos bolsos das companhias farmacêuticas.

Cuidados com o que vem do México… Ganhem juízo. Sabem o que é que mata e vem do México? Tequilha. Isso sim dá cada gripe que até andas de lado. Para quem tem duvidas mame uma garrafa ao longo de uma noite e veja só se no dia seguinte não está de cama.

Só para irritar, amanhã vou entrar no Colombo a espirrar e a tossir compulsivamente, vestido de Mariachi, com um sombrero gigante, a gritar “Ai Caramba” e a cantar a “La Cucaracha”. Só para ver quantos amigos arranjo.