Como já vos tinha referido anteriormente, a era do audiovisual chegou a este espaço. Para além de me poderem ver no meu canal do Youtube, podem também aceder ao concurso caça ao cómico da Sapo onde estou presente. Prometo para breve mais vídeos com material novo. Até lá podem-me sempre encontrar por aqui.

Beijinhos & Abraços


Por muito clichê que possa parecer, Casablanca é o meu filme favorito. Sei que pareço um papagaio a dizer isto mas para ser muito sincero não podia dar outra resposta. Aposto que ficaria bem melhor considerar como o melhor filme de todos os tempos qualquer obra do François Truffaut ou qualquer outra coisa vinda do norte da Europa com um nome impronunciável e que ninguém alguma vez tivesse visto. Mas não dá. Adoro o Casablanca, o que é que querem que eu vos faça?

Pensei em que escrever um texto sobre o tema mas não dava. Sairia algo profundamente enfadonho com mais caracteres que a lista telefónica da linha de Sintra. Em vez disso decidi fazer uma meia-duzia. Sobre o filme e as partes que mais me marcaram. Até porque essa é uma das grandes características do filme. O facto de ser tão completo.

Se pudesse escolher apenas um filme provavelmente ficaria indeciso entre este, o Goodfellas, O Padrinho e Aventuras Anais 12. No entanto, a decisão final iria sempre cair sobre o clássico da Segunda Guerra Mundial. E porquê? Aquilo que Casablanca tem de extraordinário é o facto de ser tão completo. É o único filme que tem tudo e em muito bom. Comédia, acção, suspense, drama, sentido histórico e o inevitável romance, estão vivos e presentes nesta obra. É de tal maneira completo que me prende sempre do princípio ao fim.

Devido a tudo isto é-me muito dificil escolher algum momento em especial. Embora os haja e em grande quantidade referi aqui apenas alguns. Sei que muito irá ficar por falar mas para isso nada melhor que verem o filme e tirarem as vossas próprias conclusões.

Casablanca é provavelmente o filme com mais citações conhecidas que existe. O mais curioso é que a mais emblemática de todas elas nunca foi dita. Esclareçamos de vez tal situação. Nunca no filme é dito “Play it again Sam”. Nunca mas nunca. A mais famosa citação da história do cinema pura e simplesmente não existe. Aquilo que é dito pela Ingrid Bergman é apenas “Play it once, Sam. Play it for old times sake.”. Ao que Sam responde fazendo-se de desentendido. Ela volta-lhe a pedir mas sem nunca dizer a famosa frase. O que ela diz da segunda vez é “Play it Sam. Play “As Time Goes By”.” Ao que ele “Ah e tal não me lembro, eu agora ando mais na onda da Daniela Mercury e da Ivete Sangalo. É mais animado e as pessoas reagem melhor. Isso e o José Cid que agora sempre que vêem alguém a tocar piano pedem logo aquela da Cabana…”. Ilsa interrompe-o e começa, já meio bêbeda com uma mama de fora, a cantarolar, de castanholas na mão e a desafinar perdidamente, a música para ver se ele toca. Até que finalmente Sam cede e começa a cantar o clássico “As Time Goes By”. De repente chega o Humphrey Bogart e começa aos berros “Oh meu preto do caralho! Eu não te disse já para nunca mais voltares a tocar essa merda? Vê lá se não queres ir para o olho da rua? Olha que o que não falta em Rio de Mouro é macacos como tu que a troco meia-duzia de euros e um contracto de trabalho ficam aqui a noite toda a tocar música de elevador para dar ambiente. Vamos lá mas é a ver se te atinas…”. E de repente olha para Ilsa, fica em choque. Sam dá de frosques para não levar nos cornos e o filme lá contínua. Sei que é mais ou menos isto, posso-me ter enganado numa parte ou outra do diálogo mas sei que anda à volta disso. Seja como for, o que interessa é que nunca é dito “Play it again Sam.”.

Como é que é possível então que a mais famosa citação da história do cinema não passe, no fundo, de uma mentira repetida à exaustão e que nunca tenha acontecido. Curioso não? Acreditar em algo apenas porque nos foi dito vale aquilo que vale. E tal como este exemplo há n situações na vida em que o mesmo se repete. Aquilo que tomamos como verdade é por vezes apenas mais uma alucinação colectiva. Mantém a consciência sempre alerta que tudo pode ser questionável.

O filme tem uma fortíssima referência a Portugal. Mais propriamente Lisboa. Como a única saída possível para todos os refugiados. Este pormenor parece ter escapado ao lado em todos os nossos livros de História. O que é um facto é que as coisas foram como foram. Por muito que muitos o tentem negar. Investiguem o assunto e nunca se esqueçam de pensar sempre pela vossa própria cabeça. Questionem tudo.

Um dos momentos mais emotivos de todo o filme ocorre quando é cantada "A Marselhesa". O hino francês ganha aqui toda uma nova dimensão. Ao invés de um sangrento apelo ao patriotismo francófono, surge aqui como a expressão máxima da liberdade. Aposto que não é por mero acaso que os Beatles colocaram “A Marselhesa” no início de “All You Need Is Love”. Não me parece que tenha sido por associarem amor a baguetes e a quadros do Toulouse Lautrec.

A cena é a seguinte. Passa-se no Rick’s Café Americáin, onde um grupo de oficias alemães começa a cantar um hino militar. Revoltado com a situação, Victor Laszlo pede à banda residente para tocar “A Marselhesa” de modo a abafar os germânicos. Os músicos, após a aprovação de Bogart, dão azo ao pedido. Aos que se juntam todos os clientes do estabelecimento numa intensidade que faria corar um estádio de futebol.

Este é dos momentos mais poderosos de todo o filme. A luta entre a tirania a liberdade assume a forma de uma desgarrada que é arrepiante. O facto de se cantar o hino de uma nação ocupada numa terra de ninguém exalta o sentimento de liberdade presente em cada homem.

Nota: Este excerto tem no fim a brilhante cena do encerramento do bar que vos falo mais abaixo.


Mas que grande personagem. Claude Reins dá vida a um extraordinário policia francês colocado em Marrocos. Ao contrário da figura austera que seria de esperar de uma chefia militar, este bem-disposto gendarme é o comic-relief do filme. Se pensarmos bem outra coisa não seria de esperar numa cidade em que a legalidade e a ordem adquirem um contorno muito especial. Logo, seria preciso um polícia bem especial para (des)ordenar tudo isto.

A genial cena em que ele manda encerrar o bar, a pedido da polícia secreta, revela bem tudo isso. Quando Rick lhe pergunta o porquê do encerramento ele saca da esfarrapada desculpa de que havia jogo naquele estabelecimento. Tudo isto ao mesmo tempo que um empregado lhe vem dar os seus ganhos à roleta. Roleta essa onde se jogavam mais que fichas.

Ele é um filha da puta da pior espécie. É corrupto, lambe-botas, falso, convencido, sem qualquer consideração pela vida humana. No entanto é das personagens que mais gostamos em todo o filme. O seu sentido de humor e permanente sacanice fazem com que se torne aquele traquinas que só faz merda mas que nós gostamos à mesma. Quando Bogie lhe aponta uma pistola ao coração ele apenas diz com um sorriso nos lábios, como quem não sente qualquer espécie de perigo, que aquele é o seu ponto menos vulnerável. E não esquecer que no fim ele safa a vida ao Bogart. Só por isso merece todas as desculpas.


Como é obvio falar do Casablanca e não falar de amor seria como falar num filme do Chuck Norris e não referir valentes cargas de porrada. Aqui estamos perante um amor eterno, que apesar de todas as contrariedades da vida se mantém vivo. Mesmo que eles não estejam ou fiquem juntos. Mesmo nesses momentos, Rick lembra a Ilsa que “Teremos sempre Paris”. Uma alusão ao momento em que se conheceram e se apaixonaram. Uma recordação sempre presente onde Rick se lembra vivamente de todos os pormenores “Os alemães vinham de cinzento, tu vestias de azul.”.

A memorável despedida deles. Em que em benefício do futuro de cada um, Rick vê partir o amor da sua vida e ainda por cima com outro gajo. Que dia fodido, terá pensado ele. Mas um homem tem de fazer o que um homem tem de fazer. O mais altruísta de todos os gestos é tomado. Ele arrisca a sua vida para a salvar. Até mata o alemão e tudo. E olhem que isso podia-lhe ter dado cabo da vida. Se não fosse o capitão Renault estava bem desgraçadinho estava.

Deixei para o fim a minha cena favorita de todo o filme. Aquela em que Rick afoga as mágoas após ter voltado a ver e falar com Ilsa. Ali, no escuro do seu bar, acompanhado apenas por Sam, uma garrafa e uma cadela do tamanho de um São Bernardo. Enquanto afoga as mágoas, tem um frase memorável. "Of all the gin joints in all the towns in all the world, she walks into mine.". Como um fantasma que o persegue eternamente também Ilsa volta a cair no seu caminho.

Será que isso existe mesmo? Amores que são eternos? Que por muitas voltas que a vida dê nunca nos esquecemos de uma certa pessoa? Que sempre que a voltamos a encontrar que o mundo pára e algo de mágico e inexplicável acontece? Deixo a resposta nas vossas mãos e acima de tudo no segredo dos vossos corações.

Finalmente. Após uma imensidão de revezes que daria argumento para uma telenovela venezuelana, consegui começar uma nova fase. Agora estou em vídeo. A cores e tudo. Não irei abandonar a escrita. Irei sim conciliar os dois mundos. Provavelmente a parte vídeo ficará mais direccionada para o humor e a escrita para algo com uma profundidade do caralho. Ou se calhar não. Mas isso a seu tempo se verá.

Numa fase inicial irei basear-me em textos que já apresentei aqui no blog. Claro que agora de uma forma diferente. A seu tempo terei material novo. Para darem uma vista de olhos podem visitar o meu canal homónimo no youtube ou então clicar naquele botão lá em cima que diz vídeos.

Espero que gostem. Beijinhos & Abraços

Decerto que muitos vocês já viram imagens ou vídeos de pessoas a andarem sobre brasas. É um acto que aparenta ser sobrenatural. Muitos atribuem tal feito a uma profunda convicção, ao poder da mente ou a crenças religiosas. Curiosamente a explicação é bem mais simples e científica. É a mesma coisa quando temos um bolo no forno e nos queimamos ao mínimo toque na forma e apenas sentimos um calor intenso se tocarmos na massa. Tem a ver com a condutividade dos materiais ao calor. Pura e simplesmente física.

Logo, qualquer pessoa, independentemente de ter feito doze horas de meditação transcendental ou acreditar piamente num qualquer Deus de aspecto mais ou menos duvidoso ou em padres franciscanos com maus cortes de cabelo compensados por uma imponente auréola, pode andar sobre brasas que não se queima.

Desde que seja relativamente rápido, é evidente. Se alguém se lembrar de ir para um braseiro dormir a sesta só porque é Janeiro e ali está bem mais quentinho o mais provável é que fique todo fodido. E é bem feito. Que é para não se armar em parvo e por acreditar literalmente em tudo aquilo que os outros lhe dizem.

Aí bem que pode rezar aos santinhos todos ou saber de cor todas as teorias cientificas sobre termodinâmica. Quando puxar um monte de brasas a servir de almofada para encostar a cabecinha e sentir dores que nem as de parto, então aí vai perceber uma coisa. Nunca devemos ser fundamentalistas de nada. E antes de tomarmos qualquer decisão, apesar de todos os concelhos que possamos ter ouvido, faz sempre bem usarmos a nossa cabeça. Não para sofrer queimaduras de terceiro grau mas para pensar por nós próprios.


Eu já nem peço desculpa pela repetição de temas. Por mim passava o blog todo a falar de música. Mas não. Volta e meia dá-me para andar para aqui a dizer merda ou a dissertar sobre o sentido da vida. O que é que se há-de fazer? Mas voltemos à música.

Amorphous Androgynous é um projecto paralelo dos Future Sound Of London. A dupla de Dj’s inglesa deixa de lado os sons ambientes electrónicos, pega numa série de instrumentos, convida montes de músicos, encharcam-se em ácidos e depois sai isto. Quando disse projecto paralelo podia muito bem ter dito universo paralelo. Ficava muito mais preciso. Pois este mundo para que eles nos transportam tem mais a ver com o País das Maravilhas de Alice do que propriamente por algo que tomemos por realidade. E isso torna tudo bem mais interessante.

Esta sugestão é fundamentalmente para quem gosta de música psicadélica. Embora a abrangência de sons aqui seja tão grande que qualquer pessoa vai encontrar algo que goste. Desde que esteja com uma grande broa claro. Alucinogénicos à parte. O que interessa mesmo é que estamos na presença de artistas que fizeram música que está ao nível de qualquer obra-prima do género feita nos anos sessenta ou em qualquer outro cenário espácio-temporal.

Com quatro álbuns já no bucho, destaco The Isness (de 2002) e Alice In Ultraland (de 2005). De referir ainda a extraordinária compilação A Monstrous Psychedelic Bubble (de 2008). Um trabalho notável onde criaram um álbum de remisturas dos mais variados artistas do género e deram luz, lá está, a uma imensa bolha psicadélica.

Como tal desfrutem. Tomem duas doses de acido, uma barra de mescalina e um risoto de cogumelos psicadélicos para ensopar. E vão com a Alice atrás do coelho até a um mundo que nunca imaginaram poder existir. Ou então façam-no sóbrio. Vão ver que é bem mais interessante. Boa viagem.

A ideia de que o Inverno seja um local parecido com o interior de um vulcão misturado com o programa do Goucha e uma repartição de finanças é para mim um perfeito disparate. Não a parte dos talk-shows matinais e dos guichets públicos mas a parte do calor. Para mim, a existir Inferno, seria um interminável Outono.

Esta é a época mais deprimente do ano. O Outono representa a morte, a queda das folhas e o fim do Verão, o encerrar da vida e da alegria em geral. E não é do frio. O Inverno é bem mais agreste e não apresenta estas características. Nessa altura temos outras razões para nos dar esperança. O Natal, o reveillon e a entrada do novo ano. A promessa de uma nova era que estará para chegar. E ao menos aí já estamos a habituados aos dias curtos, à falta de luz, à chuva, o frio e a andar vestido tipo o boneco da Michelin, sem nos podermos mexer sem parecer que temos obesidade mórbida de tanta roupa que carregamos ao longo do corpo.

Agora no Outono não. Por muitos anos que passem nunca nos conseguimos habituar a isto. É sempre deprimente e é sempre uma merda. E como esperar pelo futuro em nada resolve o presente (muito antes pelo contrário) o melhor mesmo é conformarmo-nos. Aceitar esta inevitável situação e darmos graças por não viver num país nórdico onde é Outono todo o ano.

Como tal, há que ver as coisas boas que esta época tem. Agora sinceramente não me ocorre nada mas decerto que existem. Como tudo na vida, tudo tem um lado bom e lado mau. E os ciclos fazem parte disso mesmo. Há alturas em que estamos nos píncaros da felicidade e alturas em que batemos no fundo do poço. O importante é aceitarmos isso e fazermos o que podemos para mudar o actual estado de coisas. Como mudar o tempo ainda está um pouco longe das nossas habilitações mais vale relaxarmos e ficarmos com a consciência tranquila de que fizemos tudo aquilo que podíamos da melhor forma que sabemos e desfrutar do momento.

Um feliz Outono para todos.

Era para voltar a este assunto mais tarde mas não resisti. Esta banda é daquelas que não consigo perceber como é que não deram o salto para a primeira divisão. Com uma projecção já bem jeitosinha nos States não passam aí de uma banda alternativa como tantas outras. O que é uma pena porque acho que por estes lados há talento a transbordar.

Com um homónimo álbum de estreia, que passou ao lado de toda a gente inclusive da crítica, marcaram posição. Álbum esse, que considero uma das grandes pérolas da última década. Editaram este ano o segundo, de nome Armistice. Ainda terão de certo muito mais para oferecer. Se não acreditam em mim vejam esta notável actuação do defunto programa do sempre vivo Conan O’Brien. Como é possível ficar indiferente a uma coisa destas?


Ora aqui está um belo tópico que espero desenvolver em futuras ocasiões. Até porque vale a pena. Numa era em que se ouve sempre a mesmíssima coisa e parece que nada de novo é criado, parece-me indispensável referir certos projectos que passam ao lado da corrente principal.

Para inaugurar este espaço nada melhor que estes cavalheiros. Os Dear Hunter são provavelmente a melhor banda que ninguém conhece dos últimos dez anos. Este projecto é fundamentalmente a obra de um homem só, Casey Crescenzo. Que através da preciosa ajuda de outros músicos dá nome e corpo a tudo isto. E o que é tudo isto perguntarão vocês? Isto é um projecto que tem como ideia criar seis álbuns, cada um dedicado a uma etapa na vida de uma pessoa. Começada há cerca de três anos, esta obra em seis actos vai neste momento no volume três.

Não é fácil de definir o som desta banda norte-americana. Digamos que cinematográfico é o adjectivo que mais me vem à mente. Mas classificações à parte o melhor mesmo é julgarem por vocês próprios. Daí que recomendo vivamente que “arranjem” os álbuns pois é ouvindo cada um destes seis actos na íntegra a melhor forma de se apreciar este notável trabalho.

Escrever o guião para um filme porno é o sonho de qualquer argumentista. É o expoente máximo da literatura representada. É ter a capacidade de, em tão poucas palavras e diálogos, transmitir todas as emoções inerentes à obra. De expor textualmente os sentimentos à flor da pele. Muitas vezes, especialmente no fim de cada cena, expor literalmente em cima da pele.

É verbalizar todo o carinho e paixão que há numa valente queca. Referir a beleza inerente a ver uma menina a ser auxiliada por um pelotão dos bombeiros. Descrever a intimidade que catorze pessoas têm umas com as outras ao mesmo tempo. Exaltar a devoção de alguém a outra pessoa na forma de um chuveirinho. Enfim. É um conjunto de coisas tão belas que se tornam difíceis transpor para palavras. Daí se tratar de uma tarefa imensa e de uma nobreza inquestionável.

Só criar um título apropriado é uma obra de arte por si mesma. Arte essa que nunca é valorizada. É necessário alguém de imenso talento para poder fazer títulos para filmes pornográficos. E o reconhecimento? Esse tarda em chegar. Se não concordam digam-me se é possível ficar indiferente a títulos como:

“Grávidas Loucas De Desejo”

“A Mão Que Embala O Pinto”

“Rasguem-me A Bilha Por Favor”

“Ok. Somos Vacas”

“Comer Bem Não Importa Quem”

“A Vara Do Padeiro.”

“Eu Sem Quem Vocês Comeram No Verão Passado”

“Chupa. Chupa Que Ele Cresce”

“A Tua Aguenta Com 5?”

“Arrebentada Por Todos Os Lados”

“15 Homens E Uma Boca”

“Ano Novo, Vacas Novas”

Devo referir que isto são títulos verdadeiros. E muito mais existem. Limitei-me a seleccionar aqueles que mais gostei da minha colecção de dvd’s originais. No entanto se tiverem conhecimento de mais alguma pérola agradeço que me digam. Pois é uma área que me suscita muito interesse e estamos sempre a aprender.

Obrigado pela frase Bob. Perder muito tempo a pensar sobre o que quer que seja é nada mais nada menos do que isso mesmo. Uma perca de tempo. Andar a matutar sobre uma coisa dias a fio é o garante que nunca se vai chegar a conclusão nenhuma.

Sempre que nos deparamos com uma situação que se apresenta mais inesperada ou fora do normal é típico começarmos a fazermos filmes na nossa cabeça. O que vai acontecer, como irei reagir e todas as questões a isso associadas. Recorrendo apenas à nossa imaginação construímos uma história daquilo que está para vir. Um forte e poderoso argumento que nos parece de tal maneira bem estruturado que uma nomeação para um Óscar é o mínimo que se podia exigir.

O que é mais curioso no meio disto tudo é que por muitos cenários que fabriquemos, e muitas opções que coloquemos, a vida surpreendo-nos sempre. Aquilo que acontece é sempre algo que não estávamos minimamente à espera.

No fundo, a nossa mente trabalha como um jogador de xadrez. Antecipando jogadas e antevendo uma reacção a todas as acções que possam vir a decorrer. Mas na realidade o jogo troca-nos as voltas. Mantendo a mesma analogia, é o mesmo que prevermos todas as movimentações possíveis de todas as peças no tabuleiro e aquilo que o adversário faz é aparecer a meio do jogo vestido a rigor para ir jogar badminton.

Daí ser tão importante confiar nos instintos não descurando a parte racional. Se se sente alguma coisa o melhor mesmo é agir em conformidade. Mas na altura. Até lá logo se vê.


Ao longo da vida é normal oscilarmos entre os mais variados estados de espírito. As razões são diversas e provenientes das mais díspares origens. Mas seja por aquilo que for, a forma como reagimos e encaramos a situação parte inteiramente de nós. Ao contrário daquilo que muitas vezes tentamos afirmar perante nós mesmos, uma situação só é difícil se a encararmos como tal. Da mesma forma, algo torna-se profundamente simples se assim o entendermos.

Ao contrário do que possa parecer não é situação que nos faz mas nós que fazemos a situação. A realidade não é mais que a nossa percepção da mesma. E como tal, será sempre a nossa abordagem que ditará tudo aquilo que vivemos.

Todos nós temos os chamados prazeres proibidos. Aquelas pequenas coisas que não queremos admitir que gostamos. Um esqueleto no armário que queremos manter secreto a todo o custo. Mais que manter secreto, queremos negar a sua existência. Dos outros e de nós próprios. O que torna tudo bem mais psicótico. É que mentir aos outros ainda vá que não vá. Toda a gente o faz, especialmente quem diz que não. Agora mentir a nós mesmos é doentio. É bem revelador da nossa insanidade mental. Mas faz parte. Se conhecem alguém que seja mentalmente são é porque é tudo menos isso.

Eu, tal como toda a gente, não fujo a tudo isto. E como tal, venho hoje, aqui por este meio, assumir o meu mais secreto pecado. Eu gosto da música do Phil Collins. Foda-se, até me doeu a escrever isto.

Aguardem um pouco que isto não está a ser fácil…

Deixem-me respirar fundo e ganhar coragem para continuar a escrever…

Já estou melhor…

Continuemos.

O Phil Collins representa tudo aquilo que abomino na indústria musical. O mais errado dos rumos que a música tomou no século passado. O símbolo comercial por excelência. O Rock N’ Roll como a banda sonora para hippies transformados em yuppies. O fim da rebeldia. O confortavelmente dormente que os Pink Floyd gritavam por detrás do muro. Mas apesar disto tudo não posso negar a quantidade de músicas que gosto deste banana. A minha reacção adversa é tão grande que não tenho um único álbum de tal figura. Recuso-me.

Claro que gosto do tempo em que o vocalista dos Genesis era o Peter Gabriel e o Phil Collins se limitava a tocar bateria. Mas isso é de gente culta e fixe. Dá um imenso ar de sofisticação dizer que se anda a ouvir os vinte e seis minutos de uma música chamada “A Sopa Está Pronta”(Supper’s Readdy). Ou que se admira profundamente The Lamb Lies Down On Broadway. Um álbum conceptual em que um miúdo nova-iorquino se transforma numa mosca num para-brisas de um carro e que embarca numa épica viagem em que lhe acontecem coisas tão lindas como ser castrado sem anestesia e onde é forçado a se juntar a uma colónia com outros eunucos que carregam os tomates ao pescoço em tubos de plástico. Tudo isto fica lindamente em eventos sociais. Agora dizer que se fica emocionado a ouvir o “Against All Odds” ou que não se consegue parar de abanar o corpo quando dá na rádio o “Sussidio” é de uma crómice alarmante.

Cair na estupidificação permanente é uma forma de estar na vida. E uma opção válida como outra qualquer. Não há que criticar. Apenas temos de respeitar quem opta pela via da estupidez. Cada um tem o direito de seguir livremente o seu caminho. E se isso implicar doses massivas de comportamentos ignóbeis e atitudes de uma parvoíce crónica, quem somos nós para contrariar?

O fundamental é que não nos chateiem. A mais nobre de todas as obras que um homem pode realizar. Na minha opinião, a realização de vida de uma pessoa é proporcional ao inverso da quantidade e qualidade de comportamentos inoportunos que infligiu nos outros que não o chatearam a si. Simplificando esta linguagem quase que matemática. Podemos dizer que quanto menos chatearmos os cornos a quem nunca nos chateou a nós, melhor estamos a cumprir a nossa missão neste mundo.

Não confundam isto com ignorar ou deixar de levar a alguém a sério. Tenho a certeza que já chatearam muitas vezes muitas pessoas. Eu também. Como tal, somos doutorados em chatice e inconveniência. E temos mais que obrigação em diferenciar este tipo de comportamentos de uma abordagem verdadeiramente humana.