Devido às elevadas temperaturas que se têm vindo a sentir, tenho notado uma acentuada transpiração na zona do baixe ventre. Nada de anormal portanto. Trata-se de uma situação inerente à meteorologia. A que já estamos mais do que habituados. É certo e sabido que há uma relação proporcional entre o aumento da temperatura e um incremento na actividade das glândulas sudoríparas.

Devo desde já aconselhar, a quem quiser enveredar na prática do sexo oral comigo, que será aconselhável fornecer-me previamente um bidé. Pois se desejar desgostar na sua plenitude do meu sexo, recomendo vivamente um banho checo prévio. Não é que eu tresande. Nada disso pois até sou bem limpinho. É apenas o meu desejo de estar a 100% em todo o tipo de situações.

Acredito não ser o único a sofrer de tal situação, daí a razão desta minha missiva. Que tem acima de tudo como objectivo o de fazer ver a todos nós mais as coisas que temos em comum e não aquilo que nos divide. A transpiração ao nível do escroto (e da crica também, convêm não esquecer) é algo que atinge todos nós. Trata-se de uma experiência por que todos passamos e que ao mesmo tempo passa por nós. Assim que os ventos de Outono nos tocarem na face, os dias quentes desaparecerão. Da mesma forma também o suor em bica a pingar dos tomates abandonará a sua morada dando lugar ao encarquilhamento testicular provocado pelo frio da nova estação. Até lá, fiquem e lavem-se bem.

Hoje em dia toda a gente tem a mania que é rebelde. Mesmo que as evidências do contrário sejam mais que óbvias, dizemos pelo menos que já o fomos. Todos temos montes de histórias das loucuras que fizemos na vida. E se agora já estamos bem mais calmos, então é porque fomos todos muita malucos quando éramos “novos”.

Mas mesmo malucos, uns desvairados do piorio. Nos anos setenta chegámos a ir para a cama quase à meia-noite. Nos anos oitenta entregávamos cassetes de vídeo sem estarem rebobinadas. Nos anos noventa vivíamos sozinhos e fugíamos de casa. Agora fazemos pipocas sem pormos a tampa na panela (obrigado por esta última JM).

TRETA! Tudo treta. Da mesma forma que vemos velhos decadentes a relatarem inúmeras conquistas que nunca tiveram, também todos nós acabamos por achar que levámos uma vida de loucura num momento ou outro da nossa pacata existência. O que é um facto é que, tirando raríssimas excepções, as nossas vidas foram compostas maioritariamente por um tédio absoluto. Sendo o restante tempo ocupado por coisas que toda a gente fez uma vez ou outra. E se não o fez devia ter feito. No fundo, é apenas uma forma de apimentar-mos uma biografia que se viria a tornar uma valente estopada se fosse passada a livro ou a filme.

“Só se fores tu” pensarão alguns. “Eu fiz coisas impensáveis.”, “Eu no meu tempo…foda-se…nem te digo nem te conto. Foi a puta da loucura.”. TRETAS! É só tretas e mais tretas. E garanto-vos já. Quanto mais ouvirem alguém afirmar tal coisa, isso só pode significar que essa pessoa não pode estar mais longe da verdade.

Mas tretas à parte, comecemos pelo princípio. O que é isso de ser rebelde? Pode parecer que não mas é uma excelente questão. Até rima e tudo. O que é que alguém pode fazer hoje em dia para ser considerado um rebelde? Vivemos numa era em que nos dá a sensação de que tudo já foi feito. Que nada mais há para inventar, em que nenhum território não tenha já sido desbravado e que nada mais há por conquistar. Desafio-vos a arranjar resposta para tudo isto. Mais difícil ainda é descobrir alguém que o personifique.

Como também não tenho resposta para tais questões, deixo-vos um exemplo intemporal. Johnny Cash ao vivo na prisão de San Quentin. Isto sim, isto é ter tomates. Se não conhecem a história do mito recomendo o filme “Walk the Line”. É que estamos a falar de um gajo (gajo não, Sr. gajo. Haja respeito) que, bem antes que qualquer outro, escreveu o livro de etiqueta daquilo que é ser uma estrela rock. Pode vir quem quiser, da mais ameaçadora banda de metal a um temido colectivo de gangster rap que não passam de uma cambada de coninhas ao pé deste vulto.

Aqui o temos, perante os hóspedes de uma das mais temidas prisões norte-americanas, interpretando Folsom Prison Blues. Uma das mais arrojadas letras alguma vez escritas por um autor de musica popular. Com doces versos como “Alvejei um homem em Reno só para o ver morrer.”. Que mimo, parece Celine Dion.

Johnny Cash – Folsom Prision Blues (não está completo mas para o que é chega. Quem quiser ver o resto tem mais videos no youtube. O que é que querem? Este era o único em que esta música era tocada no chelindró. Enjoy. Chelindró...grande palavra...tenho de escrever sobre isto.)



I hear the train a comin'; it's rollin' 'round the bend,
And I ain't seen the sunshine since I don't know when.
I'm stuck at Folsom Prison and time keeps draggin' on.
But that train keeps rollin' on down to San Antone.

When I was just a baby, my mama told me, "Son,
Always be a good boy; don't ever play with guns."
But I shot a man in Reno, just to watch him die.
When I hear that whistle blowin' I hang my head and cry.

I bet there's rich folk eatin' in a fancy dining car.
They're prob'ly drinkin' coffee and smokin' big cigars,
But I know I had it comin', I know I can't be free,
But those people keep a movin', and that's what tortures me.

Well, if they freed me from this prison, if that railroad train was mine,
I bet I'd move on over a little farther down the line,
Far from Folsom Prison, that's where I want to stay,
And I'd let that lonesome whistle blow my blues away
Como qualquer pessoa que tem um blog, uma coluna num jornal, uma lata de graffiti ou pura e simplesmente boca para falar também eu tenho que referir a morte de Raul Solnado. Não que vá acrescentar mais do que aquilo que já tenha sido dito e redito. Houve e há muito poucos como ele. Ele era dos bons e esses são uma espécie muito rara.

É conhecida, e tem sido repetida à exaustão, a sua famosa frase “Façam o favor de ser felizes”. Permitam-me acrescentar um “Boa sorte.”. Acho que vamos todos precisar.


Cá estamos nós de novo. As iniciais duas semanas alargaram-se a dois meses. Pode parecer estranho mas não andei a vaguear pelos Pirineus nem a partilhar o leito com nenhuma camionista T.I.R.. Sei que é algo que pode acontecer a qualquer pessoa mas não tive tal sorte.

Estive de facto duas semanas ausente do meu país e um restante mês e meio afastado da escrita. Cheguei uma vez mais aquele lugar já várias vezes visitado. O de achar que não tenho nada para dizer. Se formos bem a ver isto não é um argumento legítimo. Tal facto nunca me impediu de nada no passado. Não foi por falta de assunto que enchi ecrãs de computador com caracteres atrás de caracteres.

Seja como for, e independentemente da razão, continuemos para bingo. Logo se vê o que o futuro nos reserva.