“Se a vida fosse apaixonante, se as pessoas estivessem enamoradas com o viver, faziam o que nenhum namorado faz. Nenhum namorado se anestesia completamente antes de ver a sua amada. Ninguém se anestesiaria prá vida. É porque a vida para a maior parte da gente não presta para nada, é um tormento. E um tormento por circunstâncias que podiam perfeitamente ser modificadas. E não são! Por motivos de evolução geral ou por motivos egoístas deste ou daquele. (…)

Temos é que amar cada vez mais a vida e a ter cada vez mais ampla, fazermos tudo na nossa pequena área ou na nossa área maior para que ela assim seja. Para ver se as pessoas se despem desse pessimismo. Se andando vivos na vida, ao passo que a maior parte da gente se faz de morto para que a vida não o agrida a ele. Andando vivos na vida, cheguemos a ter um entusiasmo comunicativo, a nós próprios sempre, e, comunicativo, contagioso com todos aqueles que connosco lidarem.”

Agostinho da Silva “Conversas Vadias”

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