Hoje deu uma notícia em que o José Manuel (aka Durão) Barroso tinha sido interrompido a meio do seu discurso. Isso deveu-se a um alarme de segurança que se fez soar por toda a sede da Comissão Europeia. Não se passou nada de especial. Foi apenas um cano que rebentou e fez soar o alarme de incêndio. No entanto, aquela insignificante noticia, fez-me lembrar uma história curiosa.
Uma vez, à muito muito tempo, estava eu numa aula de Estatística na faculdade e sucedeu o mesmo. Não, ninguém interrompeu o Durão Barroso. Mas suou de forma ensurdecedora o alarme, fazendo lembrar Londres durante os bombardeamentos da Luftwaffe. Ninguém se mexeu e o professor, abafado pelas sirenes, calmamente perguntou “O que se deveria fazer agora?” ao que a turma respondeu “Devíamos sair todos ordeiramente lá para fora.”. Ao que o professor retorquiu “Sim claro, mas estamos em Portugal. O que se deve fazer então?” ao que eu respondi “Nesse caso o professor deve lá ir ver o que se passa enquanto nós ficamos aqui.” E finalizando ele disse “Certíssimo. Muito bem. Então eu vou lá ver.”.
Acho que foi a única vez que acertei alguma coisa a Estatística nesse ano. E o meu exame foi a prova disso. Só colocaram perguntas do programa. Se têm falado de saídas de emergência e psicossociologia eu teria tido uma nota bem melhor. Foi mais uma evidência de que estava na área errada.
Seja como for, aquele momento é a prova das nossas singularidades. Jamais nos passaria pela cabeça como pacatos portugueses a hipótese de perigo. Nem que entrassem chamas pela porta, nos atreveríamos a pensar que algo poderia correr mal. Nem que olhássemos pela janela e estivessem pessoas a atirarem-se ao melhor estilo sky diving 9/11. Nem que cá em baixo estivesse um mar de gente de terços na mão a rezar em uníssono a Extrema-unção. Nem que assim que o Prof. abrisse a porta estivesse a própria Morte, em pessoa, de foice em riste, a dizer “Está na hora, está na hora.”.
Fosse lá o que fosse não era um mero alarme de incêndio que nos iria alarmar. O que é sempre importante recordar deste momento, é que qualquer decisão que se tome, qualquer ideia que se tenha e qualquer coisa que se queira implementar tem de passar pela questão das questões “Sim claro, mas estamos em Portugal. O que se deve fazer então?”.
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