A ideia de que o Inverno seja um local parecido com o interior de um vulcão misturado com o programa do Goucha e uma repartição de finanças é para mim um perfeito disparate. Não a parte dos talk-shows matinais e dos guichets públicos mas a parte do calor. Para mim, a existir Inferno, seria um interminável Outono.
Esta é a época mais deprimente do ano. O Outono representa a morte, a queda das folhas e o fim do Verão, o encerrar da vida e da alegria em geral. E não é do frio. O Inverno é bem mais agreste e não apresenta estas características. Nessa altura temos outras razões para nos dar esperança. O Natal, o reveillon e a entrada do novo ano. A promessa de uma nova era que estará para chegar. E ao menos aí já estamos a habituados aos dias curtos, à falta de luz, à chuva, o frio e a andar vestido tipo o boneco da Michelin, sem nos podermos mexer sem parecer que temos obesidade mórbida de tanta roupa que carregamos ao longo do corpo.
Agora no Outono não. Por muitos anos que passem nunca nos conseguimos habituar a isto. É sempre deprimente e é sempre uma merda. E como esperar pelo futuro em nada resolve o presente (muito antes pelo contrário) o melhor mesmo é conformarmo-nos. Aceitar esta inevitável situação e darmos graças por não viver num país nórdico onde é Outono todo o ano.
Como tal, há que ver as coisas boas que esta época tem. Agora sinceramente não me ocorre nada mas decerto que existem. Como tudo na vida, tudo tem um lado bom e lado mau. E os ciclos fazem parte disso mesmo. Há alturas em que estamos nos píncaros da felicidade e alturas em que batemos no fundo do poço. O importante é aceitarmos isso e fazermos o que podemos para mudar o actual estado de coisas. Como mudar o tempo ainda está um pouco longe das nossas habilitações mais vale relaxarmos e ficarmos com a consciência tranquila de que fizemos tudo aquilo que podíamos da melhor forma que sabemos e desfrutar do momento.
Um feliz Outono para todos.
Comments (1)
E eu que adoro o Outono ...
Não há flores sem haver a queda da folha... (salvo raras excepções)
Outono não é morte...é renascimento!