Mas que grande personagem. Claude Reins dá vida a um extraordinário policia francês colocado em Marrocos. Ao contrário da figura austera que seria de esperar de uma chefia militar, este bem-disposto gendarme é o comic-relief do filme. Se pensarmos bem outra coisa não seria de esperar numa cidade em que a legalidade e a ordem adquirem um contorno muito especial. Logo, seria preciso um polícia bem especial para (des)ordenar tudo isto.

A genial cena em que ele manda encerrar o bar, a pedido da polícia secreta, revela bem tudo isso. Quando Rick lhe pergunta o porquê do encerramento ele saca da esfarrapada desculpa de que havia jogo naquele estabelecimento. Tudo isto ao mesmo tempo que um empregado lhe vem dar os seus ganhos à roleta. Roleta essa onde se jogavam mais que fichas.

Ele é um filha da puta da pior espécie. É corrupto, lambe-botas, falso, convencido, sem qualquer consideração pela vida humana. No entanto é das personagens que mais gostamos em todo o filme. O seu sentido de humor e permanente sacanice fazem com que se torne aquele traquinas que só faz merda mas que nós gostamos à mesma. Quando Bogie lhe aponta uma pistola ao coração ele apenas diz com um sorriso nos lábios, como quem não sente qualquer espécie de perigo, que aquele é o seu ponto menos vulnerável. E não esquecer que no fim ele safa a vida ao Bogart. Só por isso merece todas as desculpas.

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