Todos nós temos os chamados prazeres proibidos. Aquelas pequenas coisas que não queremos admitir que gostamos. Um esqueleto no armário que queremos manter secreto a todo o custo. Mais que manter secreto, queremos negar a sua existência. Dos outros e de nós próprios. O que torna tudo bem mais psicótico. É que mentir aos outros ainda vá que não vá. Toda a gente o faz, especialmente quem diz que não. Agora mentir a nós mesmos é doentio. É bem revelador da nossa insanidade mental. Mas faz parte. Se conhecem alguém que seja mentalmente são é porque é tudo menos isso.

Eu, tal como toda a gente, não fujo a tudo isto. E como tal, venho hoje, aqui por este meio, assumir o meu mais secreto pecado. Eu gosto da música do Phil Collins. Foda-se, até me doeu a escrever isto.

Aguardem um pouco que isto não está a ser fácil…

Deixem-me respirar fundo e ganhar coragem para continuar a escrever…

Já estou melhor…

Continuemos.

O Phil Collins representa tudo aquilo que abomino na indústria musical. O mais errado dos rumos que a música tomou no século passado. O símbolo comercial por excelência. O Rock N’ Roll como a banda sonora para hippies transformados em yuppies. O fim da rebeldia. O confortavelmente dormente que os Pink Floyd gritavam por detrás do muro. Mas apesar disto tudo não posso negar a quantidade de músicas que gosto deste banana. A minha reacção adversa é tão grande que não tenho um único álbum de tal figura. Recuso-me.

Claro que gosto do tempo em que o vocalista dos Genesis era o Peter Gabriel e o Phil Collins se limitava a tocar bateria. Mas isso é de gente culta e fixe. Dá um imenso ar de sofisticação dizer que se anda a ouvir os vinte e seis minutos de uma música chamada “A Sopa Está Pronta”(Supper’s Readdy). Ou que se admira profundamente The Lamb Lies Down On Broadway. Um álbum conceptual em que um miúdo nova-iorquino se transforma numa mosca num para-brisas de um carro e que embarca numa épica viagem em que lhe acontecem coisas tão lindas como ser castrado sem anestesia e onde é forçado a se juntar a uma colónia com outros eunucos que carregam os tomates ao pescoço em tubos de plástico. Tudo isto fica lindamente em eventos sociais. Agora dizer que se fica emocionado a ouvir o “Against All Odds” ou que não se consegue parar de abanar o corpo quando dá na rádio o “Sussidio” é de uma crómice alarmante.

Comments (5)

On 5 de novembro de 2009 às 18:53 , Hane disse...

Ah, eu gosto de Luis Miguel.
Penso que é pior que Phil Collins rs.
Seu blog é bem divertido :)

 
On 6 de novembro de 2009 às 09:03 , Piri disse...

OH senhor David, uma coisa é admitir que consegues ouvir o Fil Cólicas, outra é dizer que gostas !?!?
Vamos lá a retomar as consultas psiquiatras que estavam a fazer maravilhas por ti...

 
On 6 de novembro de 2009 às 17:05 , David Dias disse...

Piri, descansa que já tenho consulta marcada. O teu médico conseguiu um espacinho para a semana que vem.
Hane,confesso que desconhecia o Luis Miguel. Fui investigar e confirma-se. Sim, é bem pior que gostar do Phil Collins. Só pelo branco fluorescente que emana dos dentes apercebemo-nos que não é deste planeta. Muito obrigado pelos elogios, é sempre bem vinda. Prometo que também farei umas visitas ao seu blog pois também sou um amante de boa gastronomia.

 
On 6 de novembro de 2009 às 22:06 , Sandra disse...

ehehehhhee

Gostei dessa frontalidade com que me deparei na minha primeira visita ao blogue.

Concordo, devemos tirar os esqueletos do armário e assumirmos como somos, gostemos ou não.

Parabéns!

Fica o convite para uma visita ao meu blogue:
http://sandrablogwithaview.blogspot.com/

:)

 
On 9 de novembro de 2009 às 17:46 , David Dias disse...

Muito obrigado Sandra. Prometo que darei por lá um salto.