Vou mas é o caralho! Apanha um táxi ou vai a pé. Que raio de mania é esta de ir levar ou buscar pessoas ao aeroporto? O que é que tem o aeroporto diferente dos outros sítios? Se alguém nos pedir para levar a Algés ou aos Olivais a resposta é imediata. “Vai tu! Tens perninhas não tens? Então vai.”. No entanto, se o destino fosse o aeroporto sentíamo-nos obrigados a transportar essa pessoa. Fica mal recusar uma boleia nesta situação. Podem-se perder amizades por causa disto. É-se mal visto socialmente por não levar alguém ao aeroporto. Por outro lado, se levarmos alguém a Algés, a pedido, às cinco da manhã, ficamos conhecidos pura e simplesmente como o Otário.

A questão do horário é fundamental. As idas ao aeroporto são feitas nas horas mais impróprias. Ele é às cinco da manhã, é à hora do almoço quando no restaurante em frente ao nosso trabalho é dia de cozido, às sete da manhã num dia de Inverno. Quem pede boleia para o aeroporto deve pensar que os outros não têm vida própria. Ou pior, que são seus lacaios, ao bom estilo medieval.

Ninguém se lembra de apanhar um táxi? Isso não, nem pensar. Sai caro como tudo. Ainda por cima é acrescido das taxas de bagagem e de deslocação a casa. Fica um balúrdio. Muito bem, belo argumento. E a mim, quem é que me paga a gasolina, o desgaste do carro, os anos de vida que perco no trânsito e as horas de sono que tive de abandonar para me levantar a uma hora em que me devia era estar a deitar?

Outra. O estacionar. Como todos sabem o aeroporto não é propriamente o sítio mais fácil de estacionar. “Claro que é. Tem montes de parques.” dirão alguns. Claramente quem invoca este argumento nunca teve de arrotar com a tarifa de uma hora e meia de estacionamento num parque de um aeroporto. Deve ser o parque mais caro do mundo. Até me admira como é que não está no Guinness já que ligamos tanto a essa merda.

E o tempo que se perde. É uma vida primeiro que nos despachemos de tal frete. Se vamos buscar alguém são os atrasos. Nunca ninguém está despachado à hora que disse. Há sempre qualquer merda que atrasa tudo. Um passageiro que vinha doente, a validade dos documentos ou o irritante hábito de implicar por levarmos uma anã paraguaia na mala de viagem. Seja lá pelo que for, com todos os procedimentos envolvidos, ficamos com a sensação que é mais fácil um orangotango parir uma vaca que a pessoa que esperarmos saia daquela maldita porta.

Se vamos levar alguém temos de ficar lá à espera não vá a pessoa perder-se. Perder-se no sítio com mais indicações à face da terra. Ele é altifalantes, quadros de néon a piscar, pessoal técnico por todo o lado, balcões em cada esquina e placards electrónicos actualizados permanentemente. “Mas não é só isso, é para a pessoa não se sentir sozinha”. Estão a gozar comigo? Aquilo é um aeroporto, está lá montes de gente. Sozinho sinto-me eu, que não vou para as Seychelles e tenho que fazer a segunda circular toda e são sete da manhã. Vão-se foder todos e o aeroporto também.

Comments (4)

On 9 de outubro de 2009 às 09:28 , Carlos Jesus disse...

Partilho dos teus sentimentos. E eu sei que faço sofrer, por qualquer razão a minha mala nunca chega. E depois são mais várias horas. Dá-te por feliz por os voos ainda não terem mudado para alcochete. Mas vou continuar a pedir-te para me ires buscar, é que os taxistas nunca estão à nossa espera com uma imperial na mão ;)

 
On 9 de outubro de 2009 às 11:35 , Piri disse...

Ainda bem que te pedia para me levares ao quartel...

 
On 9 de outubro de 2009 às 15:00 , David Dias disse...

Carlos, realmente tu e as malas não têm uma relação fácil. Não sei porquê mas acabam sempre por viajar na direcção oposta. Mas pronto, todos os males sejam esses.
Não digas isso Piri. Olha que é bem melhor aturares-me a resmungar que passares vergonhas.

 
On 5 de novembro de 2009 às 18:56 , Hane disse...

Olha, levar gente ao aeroporto é um tanto quanto chato, mas quando estive em Lisboa tinha que pegar o avião de volta ao Brasil em no dia da greve dos carros de aluguel.
Foi uma boa alma que me deixou perto do aeroporto que me salvou o dia, ele era atendente do albergue onde fiquei e estava saindo de seu turno.
Vocês portugueses são bem giros mesmo!