
A revista inglesa Q colocou este álbum no topo da lista dos “'15 Greatest Stoner Albums of All Time.”. O que traduzindo dá qualquer coisa como “o melhor álbum de todos os tempos para apanharmos uma ganda bezana/moca/broa ou qualquer outra expressão semelhante. Basicamente a banda sonora ideal para nos fodermos todos.
Só por aqui se nota que não estamos a falar de caras sorridentes e positivismo como lema de vida. Aqui saímos para a rua, para um beco mal iluminado, através da cinzenta e pesada porta dos fundos. Aqui estamos no degredo, na merda. Bem longe de céus limpos e prados verdejantes. Aqui estamos na mais deprimente das situações. Tristes, sós, abandonados e com um brutal desgosto de amor.
Frank Sinatra elegeu este álbum como o seu favorito, de entre todas as suas gravações. Editado na segunda metade dos anos cinquenta, já perto do final da década, naquele que seria o melhor período de “The Voice”, Sings For Only The Lonely é um clássico que resiste à passagem do tempo.
A faixa mais marcante do álbum é aquela que o encerra. “One For My Baby (One More For The Road) relata o desabafo de um homem só. Refugiado num bar, deprimido, perante um empregado que faz o papel de padre neste confessionário com balcão. Mas em vez de o mandar rezar vinte Ave-marias e catorze Pais-nosso serve-lhe uma quantidade de álcool suficiente para embebedar uma orca. Uma penitência que não lhe trará a salvação eterna mas que ao menos lhe entretém o espírito.
Esta música foi inicialmente escrita para Fred Astaire utilizar no musical The Sky’s the Limit. E é mesmo isso que eu vos quero mostrar. Um registo diferente daquele que se viria a tornar o clássico de Frank Sinatra. Com uma performance magnífica do mestre do sapateado, esta actuação retrata bem o espírito inerente à música. O vídeo tem 10 minutos mas vejam só metade. É que quando acaba a música ele volta a encontrar a sua amada e acabam os dois muito felizes para sempre. Algo que não poderia estar mais longe de Frank Sinatra Sings For Only The Lonely.
Comments (2)
O Fred frequentava bares de homossexuais? É estranho como aparece sempre um barman vestido de marinheiro....
Meu caro Zé Cigano. Antes de mais um grande bem haja. Há muito tempo que não tinha noticias suas.
Em relação à orientação sexual do Sr Astaire abstenho-me de comentários. No entanto, devo frisar que o filme se passa nos anos quarenta, em pleno período da Segunda Guerra Mundial. Daí ser normal a presença de militares dos vários ramos das Forças Armadas nas mais variadas profissões. Inclusive ao balcão de um bar.
Se por acaso o filme fosse dos anos setenta não haveria margem para dúvidas. Poderíamos afirmar, com toda a segurança, que o Sr Fred Astaire não passava de uma bichona com queda para o sapateado.
Um grande abraço