Se há comportamentos que considero profundamente obsessivos é a ideia de que temos de fazer certas coisas antes de morrermos. Ouve-se isso a toda a hora. “Não morro sem dar a volta ao mundo.”. “Tenho de saltar de pára-quedas antes de morrer.”. “Antes de morrer quero saber qual a sensação de agrafar os colhões à perna esquerda.”. Para quê? Nunca ninguém me entregou uma lista ou me disse que tinha uma série de tarefas obrigatórias para realizar enquanto estivesse vivo. Aliás, não sei como foi com vocês, mas a mim ninguém me disse pôrra nenhuma. Limitaram-se a mandar-me para a escola e a tirar o boné quando me sentava à mesa. Eu nasci sem livro de instruções ou folhetos informativos.

Para quê tanta urgência? Qual é o problema de bater a bota e ficarem montes de coisas por fazer e realizar? É que de certeza absoluta que isso vai acontecer. Mesmo que se vivesse uma eternidade e tivéssemos todos os recursos ao nosso alcance haveria sempre algo que ficaria pendente.

O que tiverem de fazer e, acima de tudo, quiserem mesmo fazer, tenho a certeza que o farão. Senão que mal é que vos pode acontecer? Acham que assim que esticarem o pernil vão ter alguém ao vosso lado, constantemente a chatear-vos os cornos, sempre a dizer que nunca mais vão ter a oportunidade de fazer isto ou aquilo ou qualquer outra coisa que tenham sonhado? Claro que não, para isso já bastou estar casado.

Sinceramente, ganhem juízo. Façam muitos e bons planos mas não se prendam a eles. Limitem-se a desfrutar do momento e apreciem a viagem.

Comments (2)

On 10 de outubro de 2009 às 21:33 , Zé Cigano disse...

Sempre pensei que antes de morrer, se tinha que viver! Estarei a ser demasiado espartano?

 
On 11 de outubro de 2009 às 15:22 , David Dias disse...

De forma alguma. Aliás, a única coisa que devemos fazer antes de morrer é pura e simplesmente viver. Seja lá o que isso for e o que quer que isso envolva.